Quem nunca se sentiu para baixo, sem vontade de sair de casa ou até mesmo com medo de fazê-lo? Se você se familiarizou com qualquer uma das opções acima, meus parabéns! Ser uma pessoa normal faz parte do seu dia a dia.
Agora pegue as sensações descritas e multiplique elas por 1.000 e você saberá como é ser um hikikomori.
Em tradução literal, a palavra significa basicamente "não sair de casa" e é um termo nativo do Japão e também um problema para o governo, pois cada vez mais aumenta o numero de jovens japoneses que não conseguem "assimilar" o mundo a sua volta e acabam se trancando dentro de casa, saindo poucas vezes (geralmente à noite) para respirar um ar puro.
Basicamente, é isso que define um hikikomori, uma pessoa que raramente sai de casa, devido à pressão da sociedade ou qualquer outro motivo, e que em sua maioria é sustentado pelos pais, que sabem haver um problema mas ignoram, ou por serem enganados pelos filhos acreditando que estão na faculdade (muitos deles são do interior e custeiam seus filhos na cidade grande para estudarem). E é com essa definição que apresento o anime de hoje. Welcome to N.H.K!
Sinopse: Satou Tatsuhiro é um cara na faixa dos 21 anos de idade, é um "Neet" (Not in Employment, Education or Training - pessoa que não trabalha nem estuda) e abandonou o curso superior há muitos anos. Satou também é um "hikikomori" (no ocidente o termo relativo seria alguém com acentuado grau de fobia social). Dessa forma o personagem acabou se prendendo em um universo de conspiração que ele acredita ser comandada pela organização secreta intitulada "NHK" (Nihon Hikikomori Kyokai). No entanto, Satou encontra Misaki Nakahara, uma garota que o seleciona para participar de seu "projeto" prometendo curá-lo de sua condição, desde que ele assine um contrato para participar deste.
Conhecendo os personagens
| Tatsuhiro Satou |
Protagonista da história, Satou seria mais uma pessoa comum de 21 anos que estuda e possui muitos amigos, mas não é.
Sustentado pela família e sem amigos, é considerado pela sociedade um hikikomori, termo que não o deixa feliz. Com tendências paranoicas, ele acredita que basicamente todos os antissociais e desempregados (inclusive ele) só são assim porque existe uma conspiração de uma grande corporação chamada NHK.
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| Nakahara Misaki |
Misaki é uma garota estranha (e misteriosa) que convenceu Satou a deixá-la lhe ajudar através de um programa que iria livrá-lo da condição em que se encontrava, obrigando-o a assinar um contrato e participar de reuniões noturnas.
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| Yamazaki Kaoru |
Yamazaki é basicamente definido por ser a "ponta de comédia" do anime. No melhor estilo "anúncio de sessão da tarde" ele e o protagonista vão se envolver em altas aventuras com uma turminha da pesada (só brincando).
Sendo um Otaku digno, Yamazaki adora escutar músicas de anime e programação. Seguindo a típica história de garoto da fazenda que vem para a cidade grande a fim de estudar, ele coincidentemente descobre que seu vizinho é um antigo conhecido dos tempos da escola, e a partir daí passa a fazer parte da vida do mesmo.
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| Kashiwa Hitomi |
A senpai de Satou à primeira vista aparenta ser uma pessoa comum como qualquer outra, e de fato é; porém o seu grande pessimismo e mania de conspiração a torna única no anime/mangá, sendo ela a responsável por fomentar o protagonista em seus delírios conspiratórios.
Welcome to the N.H.Q não é um anime fantasioso cheio de cores, ou sombrio com um grande mistério a ser desvendado que explica toda a trama. Eu me lembro que o vi quando ainda era adolescente (hoje com 22 anos). Quando ainda estava definindo por qual caminho seguir, que basicamente era ser um Otaku ou um NERD, confesso que a nerdice me conquistou.
Criado de uma forma quase sutil para abordar um tema delicado, os hikikomores - WTTNHK - têm uma história bem fluída para demonstrar toda a vida do protagonista, que a princípio vive em confinamento social até conhecer misaki.
No começo é abordado a vida de um Satou totalmente recluso em seu pequeno apartamento, vivendo a sua vidinha cômoda, saindo ocasionalmente à noite e sentando em um banco de praça para permanecer sozinho. Confesso que para mim, essa parte do anime foi bem instigante, pois me fez perceber que eu basicamente era igual ao personagem principal, já que há um bom tempo não saía de casa, e por mais que negasse, tinha medo de fazê-lo, - o que tornou o anime uma experiência social para minha pessoa.
A grande sacada do anime foi colocar duas pessoas para se misturar ao protagonista, sendo elas Misaki e Yamazaki. A primeira é uma peça fundamental no desenrolar da história, e o segundo atua de forma cômica e otimista.
Misaki busca de todas as formas ajudar Satou, mesmo que ele não queira, e acaba entrando em meio as suas loucuras e pensamento irracionais para justificar o fato de não sair de casa. Sempre animada e sem nunca perder a esperança, ela atua de forma sutil ou, às vezes, agressiva, fazendo com que suas vontades quase sempre sejam feitas. Essas vontades acabam beneficiando a todos ao seu redor.
Já Yamazaki inspira um tom jovial e alegre de ver as coisas, o que em uma visão geral, acaba ajudando e muito o protagonista. As situações que ambos convivem não, não giram necessariamente em torno de um deles ser um hikikomori.
Às vezes o anime traz determinada emoção que todo mundo já teve um dia.
Um bom exemplo é quando eles decidem fazer um jogo de computador, aliás, um jogo não, o melhor de todos os jogos; e durante o processo vão fantasiando que vai dar tudo certo, e serão ricos e famosos, sendo cobiçados pelo seu excelente trabalho, sendo esse o tipo de emoção já sentida por toda pessoa que alguma vez na vida criou algo.
Algumas das coisas descritas acima podem parecer desinteressantes, e até chatas se vistas de uma perspectiva mais rasa, porém, ao longo do anime essas pequenas situações vão demonstrando um desenrolar tão interessante que muitas das vezes você se enxerga, ou enxerga as pessoas ao seu redor vivendo aquilo que lhe é mostrado.
Com o desenvolvimento da trama, tudo vai tomando um rumo mais trágico e quase sem saída, mostrando que o isolamento pode levar as pessoas a participarem de esquemas de pirâmides e seitas, acreditando que tudo é uma conspiração. Até que essa "conspiração" leva os personagens ao mais previsível dos atos, o suicídio.
Bom, esse foi um review de um anime que consegue abranger a sua visão sobre o mundo e sobre as pessoas. Não coloquei muitos spoilers para não estragar a experiência de ninguém, e espero que tenham curtido!
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Responsável pela revisão de texto: Bruno Fernandes
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